sábado, 13 de junho de 2020

Lição 12 - Um Equilíbrio Cristocêntrico



HERMENÊUTICA DA RESTAURAÇÃO - 2TRI - 2020

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR
Prof. Alcides Marques











Lição 12 - Um Equilíbrio Cristocêntrico
Leitura: Mateus 23:1-38


Jesus Cristo atingiu um perfeito equilíbrio em Seu ensinamento e ministério, e Ele colocou importantes elementos de fé e obediência numa perspectiva linda e vital.

Por exemplo, Ele ensinou o comprometimento radical a Deus, todavia, também disse a Seus seguidores “dêem a César o que é de César (Mateus 22:15-22).” Sua mensagem sobre a vida após a morte incluía tanto um foco central em Deus quanto um foco primário em doutrina quanto ao que a ressurreição envolveria (Mateus 22:23-33).

Ele não colocou os dois em oposição ou enfatizou um para negligenciar o outro. Quando perguntado sobre o maior mandamento, Ele enfatizou a prioridade do amor interno por Deus e pelo próximo, e ao mesmo tempo Ele enfatizou a necessidade de observar as regras exteriores de Deus que expressariam aquele amor (Mateus 22:34-40).

Ele disse que este último dava sustentação àquelas. Ele esclareceu Sua identidade como aquele que Davi chamou de “Senhor,” e, todavia, Ele fez isso por uma cuidadosa explicação das Escrituras (Mateus 22:41-45).

Ele ensinou a soberania de Deus como o único Pai de Seus
discípulos, e Ele também disse a Seus discípulos, baseado neste fato: “A ninguém na terra chamem ‘pai (Mateus 23:9).’” Ele elogiou os fariseus por darem o dízimo de pequeninas plantas do jardim, mas deixou claro que eles não deviam negligenciar “justiça, misericórdia, e fidelidade,” às quais Ele chamou de “as questões mais importantes da lei (Mateus 23:23).”

Os apóstolos, cheios com a Palavra de Cristo e guiados pelo Espírito de Cristo, cuidadosamente mantiveram o equilíbrio e perspectiva de Seu Mestre em sua pregação e escrita.

O alvo da restauração deve sempre ser para os cristãos redescobrirem os vários elementos da fé e prática do Novo Testamento e também reposicionarem estes elementos na estrutura equilibrada que Jesus Cristo e os apóstolos dispuseram originalmente.

Os cristãos devem ver “como de primeira importância” o que os apóstolos viram: que Cristo morreu, foi sepultado, ressuscitou, e apareceu (1 Coríntios 15:1-5). Em conformidade com este ponto de referência, eles buscam reconhecer cada elemento da verdade bíblica em seu devido lugar.

As lições anteriores nesta série têm abordado os princípios da restauração deste ponto de vista. Eles têm mostrado que os cristãos são comprometidos com o ensinamento bíblico em todos os assuntos pelo simples fato de seu comprometimento convicto à pessoa e obra de Cristo.

O próprio Apelo da Restauração é um apelo para Jesus Cristo ter Sua vez na igreja. A ênfase na autoridade bíblica é a ênfase de Cristo. Ele mesmo (como também os apóstolos e escritores do Novo Testamento) usaram afirmações diretas, implicações, e exemplos para explicar o que as Escrituras ordenam, o que elas permitem, e o que elas proíbem.

Foi Ele quem rejeitou as tradições humanas que faziam mudanças ou substituições à vontade revelada do Pai. O próprio Cristo distinguiu a administração do Velho Testamento daquela do Novo. Ele aplicou a “lei da exclusão;” Ele permitiu expedientes. Ele respeitou o silêncio das Escrituras.

Jesus relacionou graça, fé e obediência. Também ensinou a necessidade do batismo, envolvendo água e Espírito. Ele instituiu a Ceia do Senhor. Ele estabeleceu o fundamento para adoração com o coração (não instrumentos mecânicos) e organizou a igreja com uma pluralidade de líderes do sexo masculino.

Ele, além disso, revelou estes assuntos dando Seu Espírito para guiar os apóstolos “a toda a verdade (João 16:13).”

Assim, os cristãos não são solicitados ou forçados a escolher entre “só amar a Jesus” e “observar tudo o que Jesus ordenou.” Eles podem ter tanto a centralidade da cruz quanto a necessidade do batismo em água, tanto adorar do coração quanto adorar sem ajuda mecânica.

Eles devem guardar tanto o propósito quanto a forma da Ceia do Senhor (no primeiro dia de cada semana). Eles podem manter a Cristo como o “Pastor Chefe” enquanto insistindo que os pastores locais atendam qualificações específicas dadas nas Escrituras.
Eles não são forçados a escolher entre “serem espirituais” e “serem bíblicos.” Eles não são pegos no falso dilema entre a “pessoa de Cristo” e o “modelo de Cristo,” entre o “homem” e “o plano,” entre Jesus como seu Salvador pessoal e a igreja como Seu corpo no qual eles servem.

Eles aceitam tanto amor quanto a lei, tanto espírito quanto a letra, tanto o interno quanto o externo, tanto a graça quanto a obediência, tanto a soberania de Deus quanto a responsabilidade humana, etc. Eles podem (e devem) restaurar o exterior sem sacrificar o interior.
Aqui estão algumas questões, que as pessoas têm levantado e ainda levantam, que causam conflitos aparentes, mas irreais com respeito à fé e prática cristãs.

Para cada questão aqueles que seguem a Cristo devem evitar a armadilha de tomarem apenas um lado e devem buscar o equilíbrio de Jesus Cristo e das Escrituras.

“A Bíblia é um livro de regras, ou uma carta amorosa de Deus?”

“Devemos buscar um modelo para restaurar, ou uma pessoa para adorar?”

“O cristianismo é sobre doutrinas específicas, ou é sobre Cristo?”

“Iremos restaurar as doutrinas e práticas que nós decidimos que são relacionados a ‘assuntos de salvação,’ ou iremos restaurar cada elemento do ensino apostólico?”

“Desde que nós não somos salvos por nosso entendimento perfeito ou performance, nós iremos minimizar a importância de buscar entender e cumprir o melhor que podemos, pela graça de Deus?”

“Desde que não somos perfeitos, iremos aceitar todos os credos denominacionais e variedades como igualmente imperfeitos, todavia válidos?”
Além disso, a igreja deve buscar evitar tanto uma visão demasiadamente restritiva, quanto uma visão demasiadamente liberal com relação à autoridade bíblica e prática cristã. Estes dois extremos têm afetado e dividido pessoas dentro do mundo religioso, como também aqueles dentro do movimento de restauração.


Um Extremo – Impondo o que Deus não Impôs

Imagine o chefe da empresa instrui seu vice-presidente a envolver todos os seus trabalhadores em preparar um relatório financeiro, para estar em sua mesa na terça-feira seguinte pela manhã.

O vice-presidente diz a seus subordinados que, a fim de manter seus empregos, eles devem seguir métodos muito restritivos, os quais o chefe não estipulou. Eles devem usar apenas papel de 9 quilos.

São proibidos de usar determinadas copiadoras da empresa. Não podem colaborar uns com os outros no projeto. Eles não devem prover creche de crianças nas acomodações da igreja.. Devem trabalhar no relatório apenas de 9:00 até as 11:00 da manhã. Não podem comer em nenhum lugar do prédio.

Não podem trabalhar em grupos por idade. O vice-presidente diz tudo isso por causa de um desejo sincero de fazer o que o chefe instruiu, mas ele restringe demasiadamente seus trabalhadores e de fato se opõe a opções que o chefe teria permitido. Como resultado ele começa a ser visto como “do contra” porque muitos de seus pontos-de-vista parecem negativos.

De maneira semelhante, alguns têm tentado restringir a igreja de maneiras que Deus não tem, ou estabelecido limites em áreas nas quais Deus tem permitido flexibilidade.

Por exemplo, alguns têm se oposto a [1] Aulas bíblicas (ou literatura), afirmando que elas são uma ruptura na assembleia ou dão às mulheres a liderança sobre os homens.
Eles também têm dito que os pais deveriam ensinar seus próprios filhos em casa e não delegar o papel de ensinar a outros.

Alguns têm se oposto ao uso de [2] recipientes múltiplos ou pães para a Ceia do Senhor. Contudo as Escrituras ensinam que tanto Paulo quanto os coríntios, embora em diferentes localidades, partilhavam de “um cálice” e “um pão” (1 Coríntios 10:17).”

Alguns têm feito oposição ao uso de [3] “fruto da videira” não-fermentado.” Contudo, Jesus simplesmente disse: “fruto da videira (Mateus 26:29).”

Alguns têm feito oposição a [4] comer no prédio da igreja .

Alguns têm feito oposição a usar o prédio da igreja para [5] atividades que não tenham a ver com adoração. Contudo, “prédios de igreja” eram desconhecidos nos tempos do Novo Testamento. Eles são simplesmente ferramentas expedientes para cumprir todo o trabalho da igreja, incluindo comunhão, benevolência, etc.

Alguns se opõem a [6] um batistério , insistindo em água corrente, de fora para o batismo.

Alguns se opõem a um [7] um pregador fixo, financeiramente sustentado. Contudo, Paulo
ficou em Éfeso para pregar por três anos (Atos 20:31).

Alguns se opõem a [8] cooperação congregacional para trabalho evangelístico ou de benevolência, embora as igrejas do Novo Testamento cooperaram em tais maneiras (Atos 11:29-30; 2 Coríntios 11:8).

Alguns se opõem ao estabelecimento e sustento de [9] Escolas cristãs e orfanatos, especialmente se o tesouro da igreja fornecer alguma parte dos fundos. Contudo, a Bíblia especificamente ordena o ensino da Palavra de Deus e cuidar dos órfãos (Tiago 1:27).

Alguns se opõem a [10] ajudar não-cristãos financeira ou materialmente. Todavia, Cristo alimentou até mesmo descrentes (João 6), e Gálatas 6:10 nos ensina a fazer o bem a todos.
Estes pontos-de-vista restritivos, às vezes chamados “anti” ou “ultra-conservadores,” não são realmente conservadores num sentido puro. Eles não conservam o que Deus disse; eles impõem o que Deus não impôs. Eles podem impedir os cristãos de fazerem o que Deus ordenou (evangelizar, ajudar os pobres, ensinar os jovens, prover uma casa para os órfãos, etc.) se opondo a expedientes aceitáveis.


Um Outro Extremo – Afrouxar o que Deus Impôs

Imagine (usando a ilustração anterior) que o vice-presidente diz a seus subordinados para se sentirem bem sobre si mesmos e seu chefe e mostrar o comprometimento deles de alguma maneira.

Ele menciona um relatório financeiro como uma possibilidade, e uma data limite numa terça-feira como uma boa opção, mas ele abre o caminho para várias alternativas. Embora ele também possa estar sincero, ele está violando as suas direções do chefe por não afirmar claramente suas exigências. Ele está afrouxando o que seu chefe impôs.

O Senhor deu instruções específicas com respeito à salvação, o propósito do batismo, elementos de adoração, o conteúdo da pregação, a permanência do casamento, a liderança espiritual dos homens, o chamado à unidade não-denominacional, e outros aspectos do cristianismo bíblico. Atenuar o que Deus deixou claro, ou permanecer em silêncio onde Deus tem falado, é violar a Sua vontade.


EXERCÍCIO




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