sábado, 13 de junho de 2020

Lição 11 - Cristianismo Não-Denominacional



HERMENÊUTICA DA RESTAURAÇÃO - 2TRI - 2020

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR
Prof. Alcides Marques











Lição 11 - Cristianismo Não-Denominacional
Leitura: Atos 2:36-47


Jesus Cristo sempre falou sobre a igreja que Ele iria estabelecer como uma só comunidade. Ele a chamou de “um só rebanho” (João 10:16), “Minha igreja (Mateus 16:18),” e “a igreja (Mateus 18:17).”

Ele usou muitas imagens tais como um campo, uma árvore de mostarda, uma rede de pescar para descrever Seu reino (Mateus 13). Na noite anterior à Sua morte, Ele orou “…que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti…para que o mundo creia (João 17:20-23).”

As Escrituras enfatizam a unidade da igreja e exortam os cristãos a manterem a unidade. “Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos (Efésios 4:3-6).”

Portanto, Paulo censura a divisão. “Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer…algum de vocês afirma: ‘Eu sou de Paulo’; ou ‘Eu sou de Apolo’; ou ‘Eu sou de Pedro’ ou ainda outro ‘Eu sou de Cristo’. Acaso está Cristo dividido?

Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo (1 Coríntios 1:10-13)?”

Contudo, o registro da história encontra-se em total contraste com a oração de Jesus e os ensinamentos dos apóstolos. Centenas de grupos se formaram, dividiram-se tanto por nomes quanto credos, todos reivindicando serem seguidores de Cristo.

Entre eles há alguns que negam a divindade de Cristo, alguns insistem que o Sábado é o dia de adoração, alguns ensinam que o batismo não é essencial à salvação, outros oram a Maria tanto quanto a Deus, alguns afirmam ter revelação adicional além da Bíblia, determinados grupos estabelecem mulheres e homossexuais para a liderança da igreja, e muito mais.

Alguns grupos têm se subdividido mais tarde, criando mais ramos na árvore denominacional. Diversos grupos religiosos usam nomes que os distinguem dos outros e indicam sua identidade única.

Um nome pode ressaltar o alcance do grupo. Por exemplo, “Católica” significa “universal;” “do sul” aponta para um parte dos Estados Unidos; “Comunidade” mira uma área local. Pode sugerir um estilo de governo. Por exemplo: “Episcopal” significa “estilo bispo,” enquanto que “presbiteriana” significa “estilo presbítero.” Pode destacar uma prática específica, tal como “Batista” ou “Adventista do Sétimo Dia,” ou um ponto de vista teológico, tal como “Reformada” ou “Pentecostal.” Pode mais adiante distinguir-se de outros dentro do mesmo ramo. Por exemplo: “Batistas do Sul,” “Batistas Independentes,” “Batistas Primitivos,” “Batistas Missionários” e “Batistas do Livre Arbítrio” são todas sociedades separadas. A “Igreja Presbiteriana U.S.A” é distinta em crença e prática da “Igreja
Presbiteriana Ortodoxa.”

A “Igreja Luterana (Sínodo de Missouri)” não comunga com outros luteranos.
O nome de um grupo pode refletir a influência de um líder particular “Luterana” ou “Wesleyana.” Pode descrever uma natureza étnica, tal como “Metodista Episcopal Africana.” Pode refletir uma postura de não afiliada, independente, tal como “Capela da Graça,” etc.

Para complicar as coisas ainda mais, algumas denominações têm aplicado a si mesmas como denominações distintas as frases descritivas que o Novo Testamento usa para descrever a igreja toda.
Por exemplo: “Igreja de Deus” é uma descrição bíblica (Atos 20:28; 1 Coríntios 1:2; 10:32; 11:22; 15:9; 2 Coríntios 1:1; Gálatas 1:9) para todo o povo de Deus. Contudo, se a pessoa diz hoje: “Eu pertenço à igreja de Deus,” outros podem pensar que ele quer dizer a denominação “Igreja de Deus”.

Os nomes “Discípulos de Cristo” e “Igreja Cristã” também se referem a denominações específicas. Tudo isto coloca um dilema para aqueles comprometidos com a restauração do cristianismo do Novo Testamento, que afirmam ser membros de nenhuma outra além da igreja descrita nas Escrituras.

Como eles se identificarão?

Eles devem de algum modo se comunicar com um mundo denominacional, “Nós somos cristãos, nada mais. Nós pertencemos ao corpo de Cristo. Nós não possuímos denominação.

Nós acreditamos que a própria ideia do denominacionalismo é pecaminosa porque promove a divisão e contradiz a unidade para a qual Jesus pregou e deu Sua vida.” Mas quando eles dizem: “Nós somos cristãos,” seus vizinhos vão perguntar: “Que tipo de cristãos?” Quando eles mencionam a igreja ou o corpo de Cristo, as pessoas vão perguntar: “Que tipo de igreja?” Se eles usarem frases bíblicas como “discípulos de Cristo,” “a igreja de Deus,” ou “as igrejas de Cristo,” outros podem ouvir “denominação X” Se eles simplesmente dizem “Eu pertenço à igreja ,” e se recusam a dizer mais, eles podem parecer arrogantes (eu pertenço à igreja, e você não!”), ignorantes, ou até mesmo evasivos.
Em Atos 2, aproximadamente três mil pessoas aceitaram a mensagem do evangelho e foram batizadas. O Senhor as “acrescentou” à igreja, e nada mais. No primeiro século, uma dessas três mil pessoas pode ter respondido com relação a esta nova fé: “eu pertenço à igreja.” Ou, “eu sou um cristão, um discípulo de Cristo.” Ou: “Eu sigo o Caminho.” Ou, “Eu sou membro da igreja de Cristo, a casa de Deus, o corpo de Cristo, das igrejas de Cristo, da igreja de Deus,” etc.

Todas estas são descrições bíblicas. Nenhuma dessas teria indicado uma seita particular ou denominação, pois, é claro, estas eram desconhecidas para estes cristãos primitivos. Eles todos pertenciam à igreja que Cristo estabeleceu. Hoje em dia, contudo, é difícil comunicar a natureza não-denominacional “da igreja”.
G.C. Brewer ilustrou o dilema desta maneira. Ele supôs ter várias cartas embaralhadas. Algumas impressas com algarismos, 2, 4, 6, 8, etc. Muitas estavam em branco. Ele imaginou tentando separar as cartas e classificá-las. Ele separou as que tinham o número 2, as do número 4, e as em branco e colocou-as em outro grupo. Uma carta dentre a do grupo dos 8 levantou-se e disse para as cartas em branco: “Vocês afirmam ser cartas em branco e não denominacionais, todavia vocês estão agrupadas e empilhadas como qualquer uma de nós!” Então uma carta do monte das em branco replicou veementemente: “Nós não estamos classificadas. Nós somos apenas cartas!” Brewer comentou que elas foram forçadas a estarem elas mesmas num grupo porque as outras estavam separadas e as deixaram sozinhas. Elas foram “classificadas” devido ao fato de serem “sem classificação.” Não era o propósito delas ser uma divisão de cartas distinta. Elas achavam que todas as cartas deveriam ser apenas cartas e todas serem colocadas em um só conjunto, mas as outras cartas estavam todas estampadas com algarismos diferentes.
Brewer disse: “Todos vocês podem ver a aplicação…Nós somos forçados a ser um corpo separado de pessoas porque nós somos não-denominacionais, porque não teremos colocados sobre nós nomes de grupos, símbolos, marcas, das diferentes denominações. Nós queremos a comunhão de todo o povo de Deus, e nos associaremos com qualquer pessoa em qualquer coisa que a Bíblia sanciona, mas não podemos ter a comunhão de nossos irmãos denominacionais sem entrar em suas denominações peculiares e separadas… Nossos propósitos e trabalho como um corpo de cristãos – cristãos não-denominacionais, simplesmente cristãos, apenas cristãos – faz necessário para nós trabalharmos à parte das denominações…”

Ironicamente este Apelo da Restauração, que requer a unidade não-denominacional, baseada na Bíblia, de todos os que creem em Cristo, inevitavelmente resulta em divisão . Todavia o apelo não causa a divisão.
O Apelo da Restauração insiste que qualquer pessoa, em qualquer lugar e em qualquer tempo, pode ouvir o evangelho de Cristo, responder a ele biblicamente, e tornar-se uma cristã. O Senhor acrescenta ele ou ela à Sua igreja, o corpo de Cristo, não a nenhuma denominação feita pelo homem. Esta pessoa pode adorar, ter comunhão, e servir com outras que também foram batizadas em Cristo para a salvação.
Este grupo de cristãos não-denominacionais pode (e deve) dar as boas vindas, como cristãos, a todos os outros que obedecem ao evangelho como o Novo Testamento ensina e que desejam adorar e servir de acordo com o padrão do Novo Testamento.

Eles podem reivindicar todas as descrições que a Bíblia aplica à igreja: igreja de Deus, igrejas de Cristo, família da fé, noiva de Cristo, corpo de Cristo, etc.

Eles podem (e devem) recusar as mudanças não-bíblicas tratadas em lições anteriores nesta série. Estas mudanças se referem a como a pessoa recebe a salvação, o propósito do batismo, a adoração na igreja, a organização da igreja, etc.
Fazer estas coisas não faz deste grupo de cristãos e congregações uma denominação , embora eles serão um povo distinto, separado. Escolhendo deliberadamente sair das denominações e serem nada mais do que cristãos, não podem adorar ou ter comunhão plena com aqueles que têm mudado elementos importantes do ensino do Novo Testamento.

O apelo deles a um mundo religioso dividido e sectário não é “Deixe sua denominação e junte-se à nossa!” mas, “Abandone todos os nomes e credos denominacionais, e volte à fé e prática da igreja primitiva.”
Atualmente, muitas congregações comprometidas com este apelo são conhecidas como “igrejas de Cristo.” Ao mesmo tempo que tal descrição é bíblica e auxilia a identificar outras que compartilham deste comprometimento com a restauração, não é bíblico ou útil usar esta descrição num sentido denominacional.

Quando uma pessoa diz: “Eu sou da Igreja de Cristo. Eu fui batizado por um ministro da Igreja de Cristo, eu me casei com uma garota da Igreja de Cristo,” ele não comunica claramente um apelo não-denominacional, não sectário.

A pessoa, em vez disso, pode dizer: “Eu sou um cristão. Eu não tenho afiliação denominacional. Estou tentando acreditar, praticar e obedecer nada além do ensino de Cristo e dos apóstolos.

Eu sou parte de uma congregação de cristãos que sustenta esta mesma visão.

Nós damos as boas vindas a todos os outros que seguem a Cristo biblicamente.

Nós somos discípulos de Cristo, a igreja de Deus, o corpo e noiva de Cristo, etc.

Há muitas congregações assim, mais comumente conhecidas como igrejas de Cristo.

Nós apelamos pela unidade de todos aqueles que seguem a Cristo, e nós acreditamos que tal unidade é possível através de uma restauração, isto é um retorno a nada além do ensinamento das Escrituras.”


EXERCÍCIO!




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