sábado, 13 de junho de 2020

Lição 10 - Liderança e Organização da Igreja



HERMENÊUTICA DA RESTAURAÇÃO - 2TRI - 2020

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR
Prof. Alcides Marques











Lição 10 - Liderança e Organização da Igreja
Leitura: Efésios 4:11-16; Atos 20:17-38


Jesus Cristo é o Cabeça da igreja, sua única fonte de autoridade, e o único objeto de toda a sua glória (Efésios 1:10, 22; 4:15; 5:23; Colossenses 1:18).

Respeitar Seu desígnio para o governo da igreja é realmente uma questão de respeitar o próprio Cristo. Esta não é uma discussão trivial, mas um esforço centrado em Cristo para entender, restaurar, e implementar a Sua vontade para a igreja com relação a isto.

É por meio da igreja que Deus tem escolhido fazer a sabedoria da cruz conhecida (Efésios 3:10). Os líderes da igreja são servos de Deus, equipando os cristãos a crescerem em Cristo (Efésios 4:11-16).

Durante Seu ministério terrestre, o Senhor designou uma pluralidade de homens, aos quais Ele chamou de “apóstolos” (“alguém enviado”),” para cumprir suas instruções e para continuar Sua missão depois de Sua partida (Marcos 3:13-19).

Ele disse que outros deveriam receber os apóstolos e suas palavras como receberiam a Cristo (Lucas 10:16; João 13:20; 20:21-23).

Os apóstolos não teriam autoridade própria; eles iriam ligar e desligar na terra o que já tinha sido ligado e desligado no céu (Mateus 16:18-19; 18:18). Cristo revelaria toda a verdade por meio dos apóstolos (João 14:26; 16:13; 1 Coríntios 2:6-13; Efésios 3:3-6).

Ele enviou o Espírito Santo no dia de Pentecostes para capacitar os apóstolos a pregar o evangelho, e por meio desta mensagem Cristo estabeleceu a igreja (Atos 2).

Assim, os membros da igreja foram: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular (Efésios 2:20),” Paulo disse: “Pois ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo.” (1 Coríntios 3:11).

Pedro declarou que Jesus Cristo, não Pedro mesmo, era a pedra de fundação da igreja (1 Pedro 2:4-8). Assim, Cristo não edificou a igreja sobre Pedro; Pedro e os outros apóstolos construíram a igreja sobre Cristo. Jesus fez um jogo de palavras em Mateus 16:18-19 quando Ele disse a Simão: “…você é Pedro ( petros , uma pequena pedra), e sobre esta pedra ( petra , alicerce rochoso) eu estabelecerei a minha igreja.”

As “chaves do reino” não se referem a Pedro como o fiscal no portão do céu depois da morte da pessoa, mas a Pedro como alguém que abre o reino a outros pregando o evangelho, especialmente no Pentecostes.

Em lugar nenhum o Novo Testamento trata Pedro como o cabeça da igreja, como o “Santo Padre (Papa) (veja Mateus 23:9),” como alguém digno de reverência (Atos 10:25-26), ou como infalível (Gálatas 2:11-14).

Pedro se referiu a si mesmo simplesmente como um presbítero como os outros e uma testemunha dos sofrimentos de Cristo (1 Pedro 5:1). Pedro era um homem casado (Marcos 1:29-31; 1 Coríntios 9:5;) não um celibatário.

Com a autoridade de Cristo, aqueles que espalhavam o evangelho “designaram-lhes presbíteros em cada igreja (Atos 14:23);” Este era o propósito de Deus: estabelecer uma pluralidade de líderes do sexo masculino em cada congregação individual. Havia presbíteros na igreja em Jerusalém (Atos 11:30), e eles se reuniram com os apóstolos para julgar se os cristãos gentios tinham que ser circuncidados (Atos 15:1-6).

Eles desempenharam um papel significativo em resolver este conflito e em chegar a uma
decisão (Atos 15:22,23; 16:4).


A existência de apóstolos na igreja era temporária. Desde que a pessoa tinha que ser uma testemunha pessoal de Cristo para ser qualificada como apóstolo (Atos 1:21-22), veio inevitavelmente o tempo quando não havia mais apóstolos. Assim os apóstolos, como Paulo, escreveram as instruções do Senhor com respeito às qualificações de homens que poderiam servir como presbíteros.

Leia 1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9; 1 Pedro 5:1-4. Eles também prepararam os presbíteros para a liderança continua que eles exerceriam depois que os apóstolos partissem. Leia as palavras de Paulo para os líderes da igreja em Éfeso em Atos 20:17-38.
“Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso e lhes disse… ‘Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos , para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com seu próprio sangue.” Atos 20:17,28.
As três palavras destacadas descrevem o mesmo grupo de líderes do sexo masculino numa congregação local, indicando três aspectos de sua responsabilidade.

Primeiro, eles são “presbíteros.” A palavra grega, presbyteros, é um termo comparativo significando “homens mais velhos.” Denota autoridade delegada e a função de tomar decisões.

Na época do Velho Testamento, os anciãos de cada cidade reuniam-se no portão da cidade, ouviam os casos, e executavam a vontade de Deus (por exemplo, Deuteronômio
21:1-9). Os evangelhos mencionam a liderança na tomada de decisões dos anciãos em Jerusalém na época de Jesus (Mateus 16:21; 21:23; 27:1).
Segundo, Paulo diz que o Espírito Santo fez estes mesmos homens, estes presbíteros “supervisores.” A palavra grega, episkopos, é às vezes traduzida como “bispos.” Ela indica a responsabilidade de supervisão, administrativa, organizacional destes homens. Em particular, eles devem “vigiar” a igreja de modo que falsos mestres não a devastem como os lobos atacam ovelhas indefesas.

Este termo também aparece em Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3:1-2; Tito 1:7; 1 Pedro 5:2. As Escrituras chamam o próprio Senhor de “bispo de suas almas (1 Pedro 2:25).” Hebreus 13:17 diz: “Obedeçam a seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como que deve prestar contas.

Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.”
Observação: porque estes líderes da igreja são designados basicamente pelo Espírito Santo, e não por homens, a pessoa deve ser extremamente respeitosa para com a liderança deles e muito hesitante em pedir a renúncia deles.

Contudo, os presbíteros que pecam devem ser repreendidos publicamente para advertir os outros. Leia 1 Timóteo 5:19-20.

Observação: enquanto a história da igreja se desenvolvia, o termo “bispo” veio a ser usado para se referir a um homem que tinha a supervisão de uma congregação inteira ou grupo de congregações (uma diocese). Esta é a forma de liderança “episcopal”. O termo “bispo” não tem este significado no Novo Testamento, mas se refere em vez disso a um “supervisor” entre um grupo de supervisores que lideram uma só congregação.
Terceiro, estes presbíteros/supervisores devem “pastorear” a igreja. Este papel envolve aconselhar, nutrir, proteger, corrigir, e liderar. Leia Salmo 23; Ezequiel 34:1-6; Lucas 15:3-7; João 10:1-18.

Eles pessoalmente cuidam das necessidades de indivíduos, sejam eles ociosos, tímidos, ou fracos. Eles advertem, ensinam, encorajam, exortam, e repreendem (veja 1 Tessalonicenses 5:12-15).

Eles visitam e oram pelos doentes, para que possam ser curados (Tiago 5:13-18). Observação: com o desenvolvimento da história da igreja, o termo “pastor,” também veio a ser usado para se referir a um homem que tinha a supervisão de uma congregação inteira .

Esta palavra não tem este significado no Novo Testamento, mas se refere em vez disso a um “pastor” entre um grupo de pastores que lideram uma única congregação. A palavra “pastores,” aparecendo em traduções em inglês apenas em Efésios 4:11, refere-se ao mesmo grupo de líderes de igreja (presbíteros/bispos) a quem Paulo se dirigiu em Atos 20.

Estes mesmos três nomes ou papéis aparecem em 1 Pedro. 5:1-2: “Portanto, apelo aos presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como ele e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada: pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele ,…” 1983 επισκοπεω episkopeo 2 pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós <5213>, <1983> (5723) não por constrangimento mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; Cada um desses papéis envolve uma responsabilidade correspondente por parte da igreja. Os cristãos devem se submeter, sustentar e servir de maneiras que capacitem os líderes a liderar. Os pastores não podem nutrir uma ovelha rebelde. Os supervisores não podem proteger do perigo aqueles que dizem: “Fique fora da minha vida pessoal e moral!” Os presbíteros não podem dirigir pessoas que insistem que eles não têm autoridade dada por Deus.
O papel dos presbíteros é distinto do papel dos diáconos (servos especialmente designados; veja 1 Timóteo 3:7-13) e evangelistas (pregadores do evangelho; veja Filipenses 1:1), embora seus cuidados vão se sobrepor.
No segundo e terceiro séculos, cada igreja começou a ser governada por um só bispo, como um corpo separado de presbíteros e muitos diáconos.

Posteriormente, um bispo se tornou o líder de todas as igrejas na sua cidade. Novos ofícios foram acrescentados à crescente pirâmide: sacerdotes, leitores, sub-diáconos, e acólitos. Em 325 AD, Constantino convocou o primeiro concílio da igreja universal em Nicéia.

Este concílio produziu o Credo Niceno e declarou que os bispos de Roma, Alexandria, Antioquia, Cesaréia, e Jerusalém possuíam autoridade superior. Depois de muito debate e algum tempo, o bispo de Roma foi feito supremo e chamado de Papa (pai) sobre a igreja “católica” (significando “universal”).

Inocêncio I (401-417) declarou que nada era final sem sua aprovação. Os líderes tentaram voltar através da história para traçar uma linha de papas originando-se com Pedro. Cardeais, monsenhores, arcebispos, um sacerdócio clerical, monges, e freiras são todos estranhos ao Novo Testamento.

Assim também o são os concílios eclesiásticos que buscam impor tradições e regras sobre congregações individuais. As Escrituras nunca estabeleceram nenhuma hierarquia universal da igreja. Uma vez que a época dos apóstolos acabou, o Senhor deixou congregações independentes nas mãos de líderes locais, qualificados, de forma plural, e do sexo masculino. Não um conselho denominacional. Não um “pastor”. Não um cabeça humano.
Como resultado deste antigo desvio do propósito de Deus, “a igreja” assumiu uma autoridade para si mesma e passou a expedir numerosos dogmas e decretos.

Por causa desta estrutura piramidal, suas mudanças a nível de topo afetavam milhares e finalmente milhões de pessoas. Muitos grupos protestantes, buscando “reformar” a organização de estilo católico, têm substituído seus próprios concílios, sínodos, e corpos hierárquicos, com resultados similares. Muitos têm adotado um “sistema pastoral” não-bíblico. Em tal sistema, um indivíduo (em alguns casos, uma mulher) usa o título de “pastor” ou “pastor sênior” e dirige todo o trabalho de uma igreja local.

O Apelo da Restauração conclama a um retorno à organização simples apresentada no Novo Testamento.

Cada congregação autônoma (independente) deve ter (ou desenvolver) seus próprios líderes locais, ou grupo plural de homens biblicamente qualificados que servem ou lideram juntos.

Eles são presbíteros, supervisores (ou bispos) e pastores. Sob a direção deles, os diáconos servem de maneiras estabelecidas. Os evangelistas proclamam o evangelho e edificam a igreja com a Palavra (2 Timóteo 4:1-5).



EXERCÍCIO


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